Janeiro Roxo — A hanseníase merece atenção

De acordo com a Organização Mundial da Saúde, o Brasil é o segundo país no mundo todo com mais casos de hanseníase relatados, ficando atrás somente da Índia, um país com população seis vezes maior. 

Apesar de ser uma doença comum no país, muitos ainda desconhecem o que realmente é a hanseníase, como é a transmissão e o tratamento dela. Por isso, o Ministério da Saúde lançou a campanha Janeiro Roxo para conscientizar a população sobre os riscos da doença.

A hanseníase é uma doença endêmica causada pela bactéria Mycobacterium leprae e afeta principalmente a pele e os nervos. Ela pode ser do tipo contagiosa ou não contagiosa, e a transmissão acontece pelo ar, especialmente por contato muito próximo com alguém contaminado.

A hanseníase se apresenta na pele por manchas que podem ser brancas, vermelhas ou amarronzadas, também podem surgir caroços e áreas vermelhas elevadas. Na maioria das vezes essas lesões perdem a sensibilidade ao frio, calor, dor e tato, e podem também apresentar formigamento e dormência. Além das lesões, alguns pacientes sofrem queda dos pelos das sobrancelhas, sensação de nariz entupido e diminuição ou perda da força muscular dos pés e mãos, por causa do acometimento dos nervos periféricos. 

Ao manifestar os sintomas, o ideal é procurar logo uma unidade de saúde para que o médico, através do exame clínico, avalie as manchas e, se necessário, solicite exames complementares para o diagnóstico, como a baciloscopia e a biópsia da pele. Normalmente o diagnóstico e tratamento é feito pelo dermatologista, mas existem outros médicos capacitados e treinados para cuidar de pacientes com hanseníase.

O mais importante a destacar sobre a hanseníase é que ao iniciar o tratamento o paciente não transmite mais a doença. O tratamento é realizado com antibióticos fornecidos gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS) nas unidades de Atenção Básica que logo no início matam as bactérias, impedindo assim a transmissão da doença a outros. Por outro lado, o tratamento não tem capacidade de reverter o dano neural e alterações motoras já avançadas. Por isso, o diagnóstico precoce é fundamental para que o tratamento seja iniciado mais rapidamente, diminuindo as possíveis sequelas do paciente.

A hanseníase não tratada pode evoluir para inflamação das articulações e juntas como cotovelo e joelho, e a pessoa acaba desenvolvendo artrite. Há também o risco de causar limitações ou deformidades físicas que podem afetar sua capacidade de trabalhar e realizar atividades da vida diária. A infecção não controlada pode se espalhar para os ossos e causar uma osteomielite, e assim provocar a perda das extremidades, como os dedos dos pés e das mãos.

Outro ponto importante a esclarecer é que não é preciso adotar medidas higiênicas específicas com relação à hanseníase, como por exemplo separar talheres e outros objetos da casa e manter o paciente isolado, pois, a partir do momento em que o tratamento é iniciado, a doença praticamente deixa de ser contagiosa. As pessoas que conviveram com o hanseniano antes do tratamento precisam ser submetidas a um exame físico para o rastreio de possíveis lesões, tomar uma dose da vacina BCG e ficar atentas ao surgimento de sinais da doença.

Quando a hanseníase é detectada no início e o tratamento feito corretamente de maneira regular, o paciente deixa de transmitir a doença, tem o risco de sequelas reduzido e pode alcançar a cura definitiva da hanseníase.

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